Parece que tanto os investidores americanos quanto os participantes do mercado acionário local em grande parte ignoraram os dados fortes de inflação dos EUA. Mas por quê?

Os relatórios desta semana sobre inflação ao consumidor e ao produtor nos EUA superaram as expectativas, deixando claro para os investidores que a atual tendência inflacionária praticamente elimina a possibilidade de o Federal Reserve continuar seu ciclo de cortes de juros. Além disso, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou recentemente, durante audiências no Congresso, que o banco central não tem razões para considerar reduções nas taxas neste momento. Apesar desses sinais inflacionários, os investidores estão optando por ignorá-los. Qual seria a explicação para isso?

Nos modelos tradicionais de avaliação de mercado, as perspectivas para o mercado acionário estão diretamente ligadas à dinâmica da inflação e, por consequência, às taxas de juros, já que o custo dos empréstimos afeta diretamente a liquidez do mercado, especialmente por meio do mercado de títulos. No entanto, o cenário atual é atípico, principalmente devido às estratégias econômicas e políticas de Donald Trump. Suas políticas voltadas para estimular e proteger os fabricantes domésticos são os principais impulsionadores das ações do setor real, que, por sua vez, estão elevando os índices acionários.

Além disso, as ações geopolíticas do 47º presidente estão pressionando a Europa e outras regiões, desviando recursos financeiros e até capacidades produtivas para os EUA. O país está se tornando um destino mais atraente para investimentos e para a indústria, o que amplia ainda mais a entrada de capital no mercado financeiro local. Esse fluxo de capitais é outro fator crítico que sustenta os índices acionários.

O mercado acionário dos EUA continuará a subir?

Há potencial para um crescimento adicional, especialmente se a inflação ao consumidor anual se estabilizar em torno de 3% sem acelerar. Nesse cenário, o Fed provavelmente manteria a pausa nos cortes de juros, permitindo que o mercado acionário continuasse atingindo novas máximas. No entanto, caso a inflação siga em alta — um cenário bastante provável —, o Fed poderá ser forçado a elevar as taxas, a menos que ceda à pressão de Trump e modifique seu atual arcabouço de política monetária.

Atualmente, esse arcabouço opera sob a premissa de taxas de juros historicamente baixas, em torno de 2%. Se o Fed decidir ajustar sua abordagem e elevar o limite aceitável de inflação para, por exemplo, 3%, os aumentos nas taxas poderiam ser evitados mesmo que a inflação atingisse 3,5%. No entanto, essa mudança alteraria significativamente o panorama econômico.

O que esperar dos mercados hoje?

Os futuros dos principais índices de ações dos EUA estão mostrando um impulso positivo. Se esse sentimento continuar, podemos prever uma continuação da recuperação de curto prazo das ações, levando a índices de ações mais altos. Essa tendência pode exercer uma pressão de baixa sobre o dólar dos EUA e, ao mesmo tempo, elevar os preços das criptomoedas.

Previsão diária:

#SPX - O contrato CFD sobre os futuros do S&P 500 atingiu o limite superior da faixa de 5912,40-6124,80. Se esse nível for ultrapassado, pode-se esperar um crescimento adicional em direção a 6242,00.

#NDX - O contrato CFD sobre os futuros do NASDAQ 100 também está se aproximando de uma alta local na área de 22128,50. No entanto, há também uma chance de um declínio corretivo em direção a 21904,50 antes de retomar seu movimento ascendente.